Mulher com olfato raro identifica Parkinson pelo cheiro e contribui para criação de teste precoce

A escocesa Joy Milne, de 75 anos, possui uma habilidade rara: um olfato extremamente aguçado que lhe permite detectar o cheiro característico da doença de Parkinson. Enfermeira aposentada, ela tem colaborado com cientistas no desenvolvimento de um teste capaz de identificar a enfermidade de forma precoce, muito antes do aparecimento dos sintomas mais evidentes.

Milne trabalha com a professora Perdita Barran, da Universidade de Manchester, em uma pesquisa financiada pela Fundação Michael J. Fox para Pesquisa de Parkinson. Sua capacidade foi notada pela primeira vez ainda na juventude, quando Joy identificou um cheiro diferente no marido, Les, aos 28 anos de idade. Dezessete anos depois, ele foi diagnosticado com Parkinson.

Segundo Joy, doenças como diabetes, tuberculose e o próprio Parkinson possuem odores distintos. Ainda que ela não saiba descrevê-los com precisão, consegue identificá-los de forma intuitiva. Um marco em sua trajetória aconteceu em 2013, quando foi convidada pela pesquisadora Barran para cheirar camisetas de diferentes pessoas — e acertou praticamente todos os casos de Parkinson, incluindo um que só foi diagnosticado anos mais tarde.

A hipótese dos cientistas é que pessoas com Parkinson exalam uma secreção oleosa pela pele, o que pode ser detectado por indivíduos com sensibilidade olfativa. Se confirmada, essa descoberta poderá viabilizar testes simples, como o uso de cotonetes, para detectar a doença com mais agilidade.

Joy lembra com clareza de sua experiência como enfermeira. “Eu sabia se alguém estava com tuberculose só pelo cheiro na enfermaria. Não era forte como o do Parkinson, era mais como biscoito oleoso”, contou ao jornal The Telegraph. Ela também afirmava reconhecer variações no quadro de pacientes com diabetes apenas pelo odor corporal.

A história de Joy é um exemplo curioso e poderoso de como capacidades sensoriais incomuns podem ser aplicadas à ciência médica, contribuindo para diagnósticos mais precoces e eficazes, especialmente em doenças neurodegenerativas como o Parkinson.

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