Era por volta das 21h quando algo que todos já consideravam improvável aconteceu na noite desta quinta-feira (24): o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes determinou a prisão do ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello. Na manhã desta sexta-feira (25), a prisão foi realizada em Alagoas. Ainda nesta sexta-feira, em sessão no plenário virtual, os ministros vão decidir se confirmam ou revogam a decisão de Alexandre de Moraes. O julgamento começa às 11h e vai até às 23h59, e todos os 11 ministros participam.
E vamos ser honestos: é impressionante como não vimos essa cena antes na história brasileira e dificilmente alguém contestaria sua prisão. Collor tornou-se sinônimo de polêmica logo nos primeiros anos de seu mandato, em 1990, quando foi alvo de uma CPI que apurou desvios de recursos de fundos federais e culminou em seu impeachment em 1992 sob acusação de “pedaladas fiscais” e corrupção sistêmica.
Embora tenha sido absolvido em 2014 das acusações que levaram ao afastamento, Collor voltou ao noticiário recentemente ao ser condenado, em 2023, a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um desdobramento da Operação Lava Jato. De acordo com a denúncia, entre 2010 e 2014, Collor teria usado sua influência política como dirigente do PTB para articular nomeações estratégicas na empresa estatal e, em troca, teria recebido vantagens indevidas que ultrapassam os R$ 20 milhões.
Desde 2023, Collor estava evitando a prisão devido a diversos embustes levantados por sua defesa no STF, principalmente com relação ao tamanho da sua pena. Após várias idas e vindas, Moraes tomou uma decisão sobre o destino do ex-presidente. Pode soar um mero viés de retrospectiva, mas quando olhamos tudo isso nesta perspectiva, era quase óbvia a prisão dele. Ainda há algo que ele possa fazer para evitar ficar muito tempo na cadeia? É possível, não dá para pôr a mão no fogo por ninguém. Mas algo que os brasileiros esperavam ver há anos finalmente aconteceu.