Estudo global aponta risco de submersão em áreas de Porto Alegre

Um novo estudo internacional alerta para o risco de inundações permanentes em Porto Alegre até o final do século XXI, em decorrência da elevação do nível do mar. A projeção faz parte de uma pesquisa conduzida pela Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, publicada na revista científica Earth’s Future.

A análise foi realizada com base em simulações da ferramenta interativa da Climate Central, que estima uma possível elevação de até 1,9 metro no nível dos oceanos até o ano de 2100. Esse cenário coloca em risco diversas cidades ao redor do mundo, inclusive capitais brasileiras como Macapá, Recife, Rio de Janeiro e a própria capital gaúcha.

Apesar de não estar localizada no litoral, Porto Alegre apresenta alta vulnerabilidade a alagamentos devido à proximidade com a Lagoa dos Patos e à baixa altitude de algumas de suas regiões. As projeções indicam que bairros como Ilhas e Lami podem enfrentar alagamentos recorrentes se o avanço do mar ocorrer conforme estimado.

O estudo utilizou um modelo que integra diferentes variáveis climáticas, incluindo o derretimento de geleiras e o colapso de plataformas de gelo, fenômenos que influenciam diretamente o comportamento dos mares. A combinação desses elementos permite, segundo os autores, obter projeções mais realistas sobre os impactos futuros.

Imagem: Climate Central / Reprodução

De acordo com o pesquisador Benjamin Grandey, que lidera o estudo, o objetivo foi abordar a divergência entre métodos tradicionais de projeção. Ele ressalta que muitos modelos climáticos produzem resultados bastante distintos, o que dificulta o planejamento de ações preventivas. Essa nova abordagem busca reduzir as incertezas por meio da integração de múltiplas fontes de dados.

Além do impacto previsto no Brasil, o estudo aponta que diversas cidades fora do país também poderão ser afetadas. Barranquilla, na Colômbia, Maracaibo, na Venezuela, e Punta del Este, no Uruguai, figuram entre as regiões ameaçadas pela subida do mar. No território brasileiro, a Ilha de Marajó, no Pará, pode perder mais da metade de sua área, enquanto amplas áreas da bacia amazônica também correm risco de serem submersas.

O professor Benjamin Horton, diretor do Observatório da Terra de Singapura, afirmou que os dados representam um avanço significativo na forma como a ciência compreende os cenários climáticos extremos. Ele reforça que os resultados do estudo devem servir como um alerta global diante da urgência de medidas para conter os impactos da crise climática.

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