Ao longo da história da Igreja Católica, o Conclave (processo secreto de eleição de um novo papa) já durou de poucas horas a vários anos, refletindo contextos políticos e religiosos de cada época. O Conclave mais longo de todos ocorreu entre 1268 e 1271, após a morte do Papa Clemente IV. Foram quase três anos de indefinições e disputas, que só terminaram com a escolha de Tebaldo Visconti, um cardeal que nem sequer era sacerdote na época. Ele foi eleito em Viterbo, na Itália, depois de os cidadãos locais literalmente trancarem os cardeais e removerem o teto do local da reunião, numa tentativa de forçar uma decisão.
Esse episódio foi tão extremo que levou o Papa Gregório X, eleito naquele próprio Conclave, a formalizar o processo de eleição em um documento chamado Ubi periculum, de 1274. Ele estabeleceu regras rígidas para os Conclaves, incluindo o confinamento dos cardeais em uma área fechada e isolamento total do mundo exterior — medidas ainda em vigor, com adaptações modernas. A intenção era acelerar o processo e evitar interferências políticas, que na Idade Média vinham de reis, nobres e até cidades inteiras.
Por outro lado, o Conclave mais rápido da história ocorreu em 1503 e durou poucas horas. Após a morte do Papa Júlio II, os cardeais rapidamente escolheram o Papa Pio III. O motivo para a agilidade foi o consenso prévio entre os cardeais e a necessidade de garantir estabilidade imediata em meio a tensões internas na Cúria Romana. Pio III, no entanto, teve um papado extremamente curto: faleceu apenas 26 dias após sua eleição, sem tempo de deixar um legado significativo.
Mais recentemente, os Conclaves têm durado poucos dias. A eleição do Papa Francisco, em 2013, por exemplo, levou apenas cinco votações em dois dias, com uma decisão praticamente unânime entre os 115 cardeais votantes. A eficiência desses processos modernos se deve, em parte, à preparação prévia dos cardeais, que já chegam ao Vaticano com preferências bem alinhadas.
Esses dois extremos — um Conclave que durou anos e outro que se resolveu em horas — mostram como a Igreja evoluiu em seus mecanismos internos de escolha do líder máximo. Se antes interesses externos e desorganização atrasavam a decisão, hoje a estrutura rígida e o foco na unidade da Igreja tendem a garantir processos mais ágeis, mesmo diante dos grandes desafios contemporâneos.