COLUNA | Quando os gestores públicos justificam a falta de investimento no carnaval por causa da saúde, eles assinam o atestado de incompetência duas vezes

É um clássico. Todo ano, quando são anunciados os investimentos públicos no carnaval, tem aquele grupinho de chatos com o mesmo discurso: “por que não pega esse dinheiro e coloca na saúde?” E de fato, podemos ver nos últimos tempos que muitos prefeitos têm feito exatamente isso, como no caso de Ourinhos (SP) e Cuiabá (MT) neste ano. Mas francamente: quando o gestor público justifica falta de investimento no carnaval por causa da saúde, ele pune as cidades duas vezes. Faça uma avaliação: acha mesmo que a saúde pública anda exemplar nas cidades?

Não existe isso de “priorizar o carnaval no lugar da saúde”. Entenda uma coisa: cada coisa tem o seu próprio dinheiro. O dinheiro da saúde é da saúde. O dinheiro da segurança é da segurança. E o dinheiro da cultura é da cultura. Ponto. Assim, é simplesmente um atestado de incompetência quando um prefeito tira dinheiro de qualquer evento cultural para realocar em outros espaços. Quer dizer: a gestão foi tão ruim que foi necessário tirar dinheiro de um setor para colocar em outro? 

Por mais que soe algo “heróico” este tipo de atitude para o grupinho de chatos mencionado acima, geralmente esses mesmos esquecem de algumas coisas. O Carnaval é uma das maiores manifestações culturais e econômicas do Brasil, movimentando bilhões de reais e gerando empregos temporários em diversos setores. Além disso, o carnaval gera receita tributária, fomenta o turismo e fortalece a economia local, podendo, inclusive, ajudar a financiar serviços essenciais. Cortá-lo sob a justificativa da saúde demonstra uma visão simplista da administração pública, ignorando que um evento bem estruturado pode trazer benefícios diretos e indiretos para a própria cidade.

Um gestor competente entende que governar exige equilíbrio e estratégia. Em vez de usar a saúde como desculpa para negligenciar a cultura, deveria buscar formas de ampliar receitas, otimizar despesas e garantir o funcionamento eficiente de ambas as áreas. Quando se usa esse argumento, o gestor não está apenas menosprezando a importância econômica e social do carnaval, mas confessando que não sabe administrar as demandas do seu próprio orçamento.

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