O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) ingressou com uma representação formal no Ministério Público Federal contra o governo do Rio Grande do Sul, liderado por Eduardo Leite (PSD), por supostos atos de improbidade administrativa. A peça denuncia o uso de recursos públicos para a produção e ampla divulgação do documentário “Todos Nós por Todos Nós”, que aborda a resposta do governo estadual às enchentes de 2024. Segundo Pimenta, a obra tem claro viés de promoção pessoal do governador, que aparece por mais de nove minutos em um filme de 42, além de protagonizar o trailer veiculado em redes sociais e cinemas.
O parlamentar alega que o documentário, longe de ser uma prestação de contas institucional, configura propaganda eleitoral antecipada, em benefício da pré-candidatura de Leite à Presidência da República em 2026. O timing da divulgação do material — simultâneo ao anúncio da filiação de Leite ao PSD e seu lançamento como pré-candidato — reforçaria, segundo a representação, o caráter eleitoreiro da peça audiovisual. A presença destacada de secretários e do vice-governador, com falas laudatórias à gestão, também seria indício de desvio de finalidade no uso da comunicação pública.
Outro ponto grave levantado por Pimenta é a possível utilização de verbas federais na produção do documentário. Conforme relatório financeiro do FUNRIGS (Fundo de Reaparelhamento do Estado), R$ 28 milhões foram empenhados sob a rubrica de “serviços de comunicação” em março de 2025. Se confirmado, o uso indevido desses recursos violaria os princípios constitucionais da impessoalidade e moralidade, podendo configurar, além de improbidade administrativa, crime eleitoral. O Ministério Público agora deverá analisar os elementos apresentados e decidir pela abertura de investigação.