Falsa biomédica é alvo de investigação por realizar procedimentos estéticos sem registro no RS

Uma mulher que se apresentava como biomédica especializada em estética está sendo investigada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul por realizar procedimentos estéticos sem formação e sem registro profissional. Identificada como Maria Ana Barros de Assis, ela divulgava imagens de atendimentos em diversos estados brasileiros, inclusive em ambientes que aparentavam ser blocos cirúrgicos.

O caso ganhou repercussão após a divulgação de um áudio em que Maria Ana afirma que precisaria “comprar um diploma”. Segundo a delegada Luciana Smith, três pessoas relataram complicações após passarem por um procedimento conhecido como endolift, realizado pela suspeita. Uma das vítimas formalizou denúncia à polícia, o que deu início à investigação.

A empresária Luana Barreto, que também foi atendida por Maria Ana, relatou sequelas duradouras.
— Fiquei sem sentir a parte inferior do rosto por três meses. Ainda hoje tenho uma sequela em que sinto a face repuxar — disse.

Durante a apuração, a polícia confirmou, com apoio do Conselho Regional de Biomedicina (CRBM), que Maria Ana não possui formação na área, tampouco qualquer registro profissional em nome dela ou dos nomes que costuma utilizar.

O presidente do CRBM da 5ª Região, Renato Minozzo, destacou que o caso pode configurar estelionato, já que a mulher se passava por uma profissional da saúde sem qualquer habilitação.
— Ela se apresenta com dois nomes diferentes, e nenhum consta em registros de conselhos do país — declarou.

Maria Ana já responde por exercício ilegal da profissão em Minas Gerais. De acordo com o Ministério Público mineiro, foi proposto um acordo, por se tratar de infração de menor potencial ofensivo. Caso ela não aceite, poderá ser formalmente denunciada.

Atualmente, Maria Ana apagou suas redes sociais e, segundo a polícia, não está mais no Rio Grande do Sul. A delegada informou que a investigação está próxima da conclusão, restando apenas o depoimento da investigada.

Outra mulher, que preferiu não ser identificada, relatou ter ficado com fibrose facial após o procedimento.
— Quando a notícia começou a circular, outras pessoas me alertaram sobre ela — afirmou.

O caso se soma a um cenário preocupante no estado. Em 2024, já foram reportados ao menos 130 atendimentos estéticos irregulares por profissionais não habilitados no Rio Grande do Sul, sendo 99 deles na área médica – um aumento de 43% em relação ao ano anterior, conforme o Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers).

— Mesmo quando realizados por profissionais habilitados, os procedimentos estéticos envolvem riscos. Imagine quando feitos por alguém sem qualquer preparo — alertou Eduardo Neubarth, presidente do Cremers.

As autoridades reforçam a importância de verificar o registro dos profissionais nos conselhos competentes antes de qualquer procedimento.

Com informações: GZH

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