Um experimento conduzido pela NASA confirmou uma teoria de mais de 60 anos: o Sol pode ser uma das principais fontes da água encontrada na Lua. Através de uma simulação laboratorial inovadora, cientistas comprovaram que o vento solar — um fluxo de partículas carregadas liberadas constantemente pelo Sol — pode reagir com o solo lunar e formar moléculas de água. A descoberta, publicada na revista JGR Planets, é considerada um avanço crucial para futuras missões espaciais, especialmente no contexto do programa Artemis, que prevê a presença de astronautas no Polo Sul lunar, onde há grandes reservas de gelo em regiões permanentemente sombreadas.
O experimento foi liderado pela pesquisadora Li Hsia Yeo e seu colega Jason McLain, ambos do Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA. Pela primeira vez, os cientistas criaram um aparelho capaz de simular todas as condições da superfície lunar dentro de um único ambiente de laboratório. O equipamento inclui uma câmara a vácuo, um feixe de partículas para simular o vento solar e um detector de moléculas. Utilizando amostras reais de solo lunar coletadas na missão Apollo 17, os pesquisadores removeram toda a umidade terrestre antes de bombardeá-las com partículas simuladas por vários dias — uma exposição equivalente a 80 mil anos de vento solar na Lua.
O resultado foi uma mudança química nas amostras, medida por meio de um espectrômetro, que registrou um sinal característico da presença de água no infravermelho. Esse ciclo de formação e desaparecimento de moléculas, observado também por sondas em órbita, reforça a ideia de que o vento solar atua como uma fonte contínua de reabastecimento hídrico na Lua. A confirmação dessa dinâmica não apenas ajuda a entender melhor a evolução do satélite natural da Terra, mas também aponta para possibilidades concretas de utilizar água lunar em missões de longa duração — um recurso vital para o futuro da exploração espacial.