Anvisa decidirá futuro do “gel da beleza” após casos de complicações com PMMA

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está prestes a decidir se continuará permitindo o uso do polimetilmetacrilato (PMMA), conhecido como “gel da beleza”, como preenchedor estético. A substância, amplamente utilizada em procedimentos de harmonização facial, tem gerado preocupações devido a relatos de complicações e sequelas permanentes em pacientes. Entre os efeitos adversos estão deformidades, inflamações graves e até necrose.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) já solicitou oficialmente à Anvisa que o PMMA seja banido do mercado brasileiro. Em uma reunião recente, representantes do CFM destacaram que, além dos riscos de efeitos colaterais, a natureza permanente do produto, que não é absorvido pelo corpo, dificulta sua remoção após a aplicação, tornando-o um risco ainda maior para os pacientes.

A Anvisa revelou que está analisando todos os dados recebidos, incluindo os do CFM, sobre o uso do PMMA. A agência também está avaliando toda a cadeia de comercialização, que envolve fabricação, distribuição e uso do produto no país.

No Espírito Santo, o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) está apurando dois casos relacionados ao uso do PMMA. Em um dos casos, o procedimento encontra-se em fase de sindicância, enquanto o outro segue com um processo ético-profissional em andamento.

A influenciadora Mariana Michelini, que sofreu complicações após utilizar o PMMA, relatou sua experiência nas redes sociais. Ela contou que o procedimento, realizado por uma dentista, foi inicialmente recomendado como ácido hialurônico, mas resultou em sérias consequências de saúde, incluindo inchamento, dor intensa e necessidade de várias cirurgias corretivas.

Enquanto alguns médicos e profissionais da área de estética se posicionam contra a proibição do produto, mais de 200 médicos que utilizam o PMMA em seus pacientes pediram ao CFM a revisão da decisão de proibição. Eles argumentam que, quando corretamente administrado por profissionais capacitados, o PMMA oferece resultados duradouros e eficazes, sem complicações. Além disso, defendem uma maior regulamentação e fiscalização para evitar o uso inadequado do preenchedor.

O PMMA é registrado na Anvisa para usos corretivos, e os médicos que defendem seu uso apontam que os problemas surgem quando o produto é aplicado de maneira errada, em alta concentração ou com marcas não autorizadas pela agência.

Enquanto isso, entidades médicas alertam sobre os perigos do uso indevido do produto, ressaltando que sua remoção é extremamente difícil devido à dissociação do material nos tecidos, o que pode levar a complicações irreversíveis. A decisão da Anvisa sobre o futuro do PMMA está aguardada com grande expectativa, dado o impacto que a substância tem na indústria estética e na saúde pública.

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