O Brasil registrou uma redução de 2,3% na taxa de homicídios por 100 mil habitantes entre 2022 e 2023, atingindo o menor índice dos últimos 11 anos: 21,2. De acordo com o Atlas da Violência 2025, publicado no início de maio, o país contabilizou 45.747 homicídios no ano passado, consolidando uma retomada da trajetória de queda que havia sido interrompida entre 2019 e 2022, quando os índices ficaram estagnados.
A pesquisa também destaca a concentração das maiores taxas de homicídios nas regiões Norte e Nordeste do país, embora alguns estados dessas áreas, como Acre, Pará e Maranhão, tenham conseguido reduzir gradualmente a violência nos últimos anos. Por outro lado, a Região Sul aparece de forma destacada com os menores índices de homicídios do Brasil. O Rio Grande do Sul, em especial, conseguiu diminuir ainda mais os números, contribuindo para que toda a região seja considerada uma das mais seguras do país.
Além da queda nos homicídios, o relatório aponta que houve redução em quase todos os crimes contra o patrimônio, como roubos em ruas, comércios e residências. No entanto, cresceu de forma expressiva o número de crimes digitais, especialmente estelionatos, que somaram quase 2 milhões de ocorrências em 2023 — um golpe a cada 16 segundos, revelando uma nova dimensão da criminalidade que impacta a sensação de segurança da população.
Apesar da redução dos homicídios, a percepção de insegurança entre os brasileiros aumentou. Pesquisa Genial/Quaest, citada no Atlas, mostrou que 29% dos entrevistados consideram a violência o maior problema do país, um salto de 19 pontos percentuais em pouco mais de um ano. Especialistas apontam que essa contradição se deve, em parte, à forma como os crimes são divulgados nas mídias e redes sociais, além da mudança no padrão de criminalidade, cada vez mais marcada pelos crimes virtuais.
O Atlas também aponta transformações estruturais que explicam a queda na violência letal: o envelhecimento populacional, especialmente no Norte e Nordeste, e a chamada “revolução invisível” na segurança pública, que aposta menos no policiamento ostensivo e mais em estratégias baseadas em inteligência, gestão por resultados e ações multissetoriais de prevenção.
No caso do Rio Grande do Sul, o desempenho positivo é atribuído a políticas públicas integradas e ao fortalecimento da atuação policial qualificada. O estado se consolidou como referência na redução da violência letal, fazendo da Região Sul um exemplo de como ações coordenadas podem impactar positivamente os índices criminais.