Uma gravação inédita revelou o som da implosão do submersível Titan, da empresa OceanGate, que afundou em junho de 2023 durante uma missão aos destroços do Titanic. O material foi divulgado pela emissora britânica BBC nesta sexta-feira (23) e mostra detalhes da reação da equipe no momento em que a tragédia ocorreu.
Nas imagens, Wendy Rush — diretora da OceanGate e esposa do piloto do Titan, Stockton Rush — acompanha, em tempo real, a descida da embarcação. Em certo momento, é possível ouvir um ruído forte, semelhante a um estrondo, o que a faz questionar: “O que foi esse barulho?”. Inicialmente, a equipe interpretou o som como parte de um procedimento padrão de emergência: a liberação de pesos para subir à superfície.
Porém, a Guarda Costeira dos Estados Unidos (USCG) confirmou, posteriormente, que o som captado foi, na verdade, o exato momento da implosão do casco do submersível, causado por uma falha estrutural.
Tragédia em grande profundidade
O Titan perdeu contato com o navio de apoio cerca de 90 minutos após o início da descida rumo a quase 4 mil metros de profundidade. Estavam a bordo o piloto Stockton Rush, o empresário Shahzada Dawood e seu filho de 19 anos, Suleman, o explorador Hamish Harding e o mergulhador Paul-Henri Nargeolet. Todos morreram instantaneamente.
As investigações revelaram que o casco do submersível, feito de fibra de carbono, apresentava problemas estruturais desde 2022. Durante uma missão anterior, passageiros já haviam relatado um ruído incomum, que na época foi minimizado por Rush como sendo um simples “deslocamento”. Posteriormente, exames técnicos indicaram que se tratava de delaminação, uma separação das camadas da fibra de carbono, que compromete a integridade do material.
Projeto foi alvo de alertas
Mesmo antes da tragédia, o projeto do Titan era criticado por falta de certificações independentes e uso de materiais considerados inseguros para grandes profundidades. O explorador Victor Vescovo, por exemplo, chegou a alertar Stockton Rush e comparou as expedições no Titan a uma “roleta russa”.
O caso reacendeu discussões sobre a segurança em explorações submarinas e reforçou a importância de padrões técnicos rigorosos em missões extremas.