Celulares seguem ativos em prisões do RS mesmo após contratação de bloqueadores

Apesar de promessas e contratos milionários firmados desde 2021, os celulares continuam funcionando dentro das prisões do Rio Grande do Sul e seguem alimentando o crime organizado. Dados oficiais apontam que o número de apreensões desses aparelhos não para de crescer: foram 12.175 celulares recolhidos em 2023, 14.280 em 2024 e, apenas entre janeiro e abril de 2025, já foram apreendidos 4.916.

Esses dispositivos são utilizados por presos para comandar extorsões, aplicar golpes cibernéticos e manter contato direto com comparsas fora das cadeias. Para tentar conter essa prática, o governo estadual contratou duas empresas nos últimos anos para instalar bloqueadores de sinal nas penitenciárias — mas até agora, o problema está longe de ser resolvido.

A primeira tentativa, com a empresa Amper Secomdef, fracassou após dois anos sem resultados. A atual contratada, a IMC Tecnologia em Segurança, firmou acordo com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) em março de 2024 e deveria ter instalado bloqueadores em 23 unidades prisionais até o início de 2025. Contudo, mais de um ano depois, nenhuma instalação foi concluída com sucesso.

Na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC), onde estão líderes de facções criminosas, o sistema da IMC foi testado, mas falhou três vezes. Os testes identificaram “vazamentos de sinal”, permitindo o uso de celulares mesmo em áreas de segurança máxima. Além disso, a Anatel apontou que os equipamentos usados estavam fora das especificações autorizadas e causaram interferência em linhas telefônicas de cerca de 160 mil usuários em dez municípios da região.

Mesmo diante das falhas, a Susepe renovou o contrato com a IMC em abril de 2025 e prorrogou o cronograma de instalação. Além da PASC, o sistema deve ser instalado em presídios de cidades como Santa Maria, Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas e na nova Cadeia Pública de Porto Alegre. No total, as 23 unidades que aguardam o bloqueio abrigam 22 mil detentos — cerca de 44,5% da população carcerária do Estado.

Hoje, apenas o Complexo de Canoas, que reúne quatro penitenciárias, opera com um sistema emergencial de bloqueio de sinal — tecnologia considerada ultrapassada. Enquanto isso, em 18 centros prisionais, incluindo a Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), o sinal de celular continua liberado, favorecendo o comando de crimes de dentro das celas.

O cenário reforça a urgência de uma solução eficaz e definitiva para impedir que presos sigam operando redes criminosas com o auxílio de celulares ilegais.

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