A Polícia Federal concluiu o inquérito da Operação Celeno e indiciou seis pessoas por envolvimento em um esquema de desvio ilegal de aves silvestres, incluindo espécies ameaçadas de extinção, do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama no Rio Grande do Sul para criadores particulares. Entre os indiciados estão dois servidores do Ibama: Paulo Guilherme Carniel Wagner, ex-superintendente substituto, e Emerson Strack Skrabe, analista ambiental.
De acordo com o relatório finalizado na quinta-feira (7), os investigados recebiam pagamentos que chegavam a R$ 20 mil por transação, segundo a delegada da PF Jeanie Tufureti. A investigação apontou que os acusados usavam o argumento de “reabilitação” para encobrir um suposto esquema de fraudes, incluindo emissão de autorizações irregulares, manipulação de sistemas oficiais e alterações fraudulentas em registros de plantéis.
Uma das aves desviadas ilegalmente, conforme a PF, foi uma harpia, considerada a maior ave de rapina das Américas. O animal foi levado para espetáculos pagos em Gramado, embora oficialmente estivesse em processo de reabilitação para soltura na natureza — o que, segundo a PF, nunca ocorreu. Os investigadores afirmam que o projeto de repovoamento só foi formalmente apresentado em 2024, enquanto a ave estava no local desde 2022.
A ação policial teve origem em uma inspeção da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) no criadouro Vale dos Falcões, em São Francisco de Paula, onde foram encontradas harpias sem documentação legal. O caso foi repassado à PF, que descobriu que outras espécies, como papagaios e tucanos, também foram desviadas do Cetas para criadores comerciais.
Entre os indiciados, além dos servidores do Ibama, estão o biólogo Gustavo Trainini, dono do Vale dos Falcões; e Nelson Arrué Silveira, presidente da Federação Internacional dos Criadores, apontado como intermediador das negociações. Eles foram enquadrados em crimes como associação criminosa, peculato, falsificação de dados públicos, manutenção ilegal de animais silvestres e concessão indevida de licenças ambientais.
A Operação Celeno foi batizada em referência a uma das três harpias da mitologia grega, em alusão às três aves localizadas no criadouro sem documentação, fato que deu início à investigação.
O Ibama informou que há um processo disciplinar interno em curso e que acompanha as apurações. A defesa de alguns dos acusados nega as irregularidades e questiona a condução do inquérito. O caso agora segue para o Ministério Público Federal, que decidirá sobre o oferecimento de denúncia à Justiça.
Manifestações dos suspeitos
Paulo Guilherme Carniel Wagner
A defesa do Sr. Paulo Guilherme Carniel Wagner não se manifestará no momento, agradecendo o espaço aberto ,diante estar ainda em curso o presente Inquérito Policial Federal.
Lembrando que o mesmo já foi colaborador desta emissora em inúmeras reportagens, sempre com conduta exemplar em prol de informar a sociedade quando solicitado.
Eduardo Maluhy Advogado OAB/RS 46.612
Nelson Arrué
“Meu nome é Nelson Arrué, estudante de Direito, criador de passeriformes há mais de 40 anos, ambientalista e defensor da causa animal, atuando firmemente no combate ao tráfico de animais silvestres.
Fui presidente da FEORS (Federação das Entidades Ornitológicas do Estado do Rio Grande do Sul) de 2018 a 2024 e também exerci a função de vice-presidente do SINCA-Xerimbabo (Sindicato dos Criadores do Brasil). Atualmente, ocupo o cargo de presidente da FIC – Federação Internacional dos Criadores (www.federacaodoscriadores.com.br), onde desenvolvo um trabalho contínuo voltado à preservação ambiental e ao bem-estar animal.
Com informações: G1