A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu um inquérito que resultou no indiciamento de 24 pessoas por suspeita de envolvimento em fraudes e desvios de verbas públicas na Secretaria Municipal de Educação (SMED) de Porto Alegre. Entre os investigados estão ex-integrantes do governo municipal, empresários e ex-parlamentares.
A investigação, que ganhou repercussão após reportagens do Grupo de Investigação da RBS (GDI), revelou indícios de compra superfaturada de materiais escolares, além de milhares de livros e equipamentos didáticos abandonados em depósitos da prefeitura.
Entre os principais nomes indiciados estão:
Sônia da Rosa, ex-secretária municipal de Educação;
Jaílson Ferreira da Silva, empresário acusado de financiar vantagens indevidas;
Alexandre Bobadra e Pablo Melo, ex-vereadores, sendo Pablo filho do atual prefeito Sebastião Melo (não incluído entre os investigados).
O inquérito detalha um esquema de favorecimento a empresas que negociaram, entre junho e outubro de 2022, a venda de mais de 500 mil livros e 104 laboratórios pedagógicos, totalizando R$ 43,2 milhões em contratos. A polícia suspeita que parte desses valores teria sido desviada, com pagamento de propinas e benefícios a servidores e políticos.
Segundo as investigações, o esquema era dividido em três núcleos de atuação: funcionários da SMED, agentes políticos e empresários. Os vereadores indiciados teriam atuado para intermediar o contato entre empresários e membros do governo, facilitando o direcionamento das licitações.
Um dos episódios destacados no inquérito aponta que Jaílson Ferreira da Silva teria quitado R$ 300 mil de um imóvel pertencente à ex-secretária, além de transferir R$ 550 mil a um advogado ligado ao então chefe de gabinete de Pablo Melo. Em seguida, segundo a polícia, Pablo teria movimentado R$ 390 mil em uma plataforma de apostas.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público, que agora irá analisar o material e decidir sobre eventuais denúncias criminais. Outros inquéritos relacionados à SMED seguem em andamento.
As defesas dos indiciados negam as acusações. A defesa de Pablo Melo demonstrou indignação com o indiciamento, alegando que ele não foi ouvido pela polícia. A ex-secretária Sônia da Rosa, por sua vez, afirmou que só prestará esclarecimentos em juízo.
Com informações: GZH