Ucrânia ataca Moscou com drones durante visita de Xi Jinping à Rússia

Moscou enfrentou pelo terceiro dia consecutivo ataques de drones atribuídos à Ucrânia, gerando caos no espaço aéreo da capital russa. A ofensiva forçou o fechamento temporário da maioria dos aeroportos da cidade, levando ao cancelamento de diversos voos, inclusive conexões com outras regiões do país, como São Petersburgo.

Segundo o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, sistemas de defesa aérea da Rússia derrubaram ao menos 14 drones entre a noite de terça-feira (6) e a manhã desta quarta-feira (7). Apesar da resposta militar, os impactos sobre a aviação civil foram imediatos e significativos.

Entre os afetados está o analista sênior de Internacional da CNN, Américo Martins. Em deslocamento para Moscou, Américo teve sua conexão em Baku, no Azerbaijão, cancelada. “O voo estava previsto para a manhã de quarta, mas sofreu sucessivos adiamentos até o cancelamento definitivo”, relatou. A companhia aérea indicou a possível retomada das operações às 21h30 no horário local (14h30 em Brasília).

Pelo menos cinco voos de Baku para Moscou foram cancelados, além de um com destino a São Petersburgo. Algumas horas depois, novas decolagens foram autorizadas, sinalizando uma reabertura gradual do espaço aéreo em determinadas rotas.

A ofensiva ucraniana ocorre em um momento de grande importância simbólica para o Kremlin: a preparação do tradicional desfile do Dia da Vitória, marcado para esta sexta-feira (9). O evento celebra a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e deve reunir cerca de 29 líderes internacionais na Praça Vermelha de Moscou. Espera-se a presença de delegações de países como China, Índia, África do Sul, Nicarágua e Coreia do Norte.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, também está a caminho da Rússia, embora não haja, até o momento, informações sobre alteração em sua agenda. A visita acontece em meio a especulações sobre o papel diplomático do Brasil no atual contexto internacional.

Apesar da ofensiva, o Kremlin mantém os preparativos para o desfile, que contará com tropas de 13 países, incluindo Azerbaijão, Vietnã, China e Egito. A celebração é considerada o evento mais simbólico no calendário político do presidente Vladimir Putin, utilizado para reforçar o sentimento de unidade nacional e o poder militar russo.

A Ucrânia, por sua vez, condenou a realização da cerimônia em meio à guerra, e pediu aos aliados internacionais que evitem enviar tropas ao evento. “A participação de militares estrangeiros neste evento é inaceitável e será considerada pela Ucrânia como uma profanação da memória da vitória sobre o nazismo”, declarou o Ministério das Relações Exteriores ucraniano.

Os recentes ataques intensificam as tensões já elevadas entre os dois países e colocam em xeque a segurança de eventos internacionais em solo russo. Enquanto o Kremlin tenta demonstrar força e normalidade, a Ucrânia aposta em ações de impacto para desafiar o poder de Moscou.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.