Em Porto Alegre, uma prática arriscada e ilegal tem ganhado espaço, especialmente em tempos de dificuldade econômica: a busca por agiotas como forma de obter dinheiro rápido. Embora a prática da agiotagem seja proibida por lei no Brasil, ela ainda é amplamente difundida, muitas vezes de forma disfarçada, e tem se fortalecido principalmente na internet.
É comum encontrar pessoas em grupos nas redes sociais pedindo indicações de quem possa “emprestar dinheiro rápido e sem burocracia”. Em resposta, outros usuários sugerem contatos de agiotas, normalmente apresentando esses indivíduos como “solucionadores de problemas” ou “empresários informais”. A troca de informações acontece abertamente, e muitos sequer percebem o risco que estão correndo ao entrar nesse tipo de acordo.
Agiotagem é crime
A atividade é considerada ilegal. De acordo com o artigo 4º da Lei nº 1.521/51, quem empresta dinheiro a juros abusivos sem autorização do Banco Central está cometendo crime contra a economia popular. A pena pode variar de seis meses a dois anos de detenção, além de multa. Ainda assim, a falta de fiscalização eficaz e a vulnerabilidade financeira de muitas famílias fazem com que esse tipo de empréstimo clandestino continue ocorrendo.
Riscos para quem recorre a agiotas
Os riscos são inúmeros. Além das taxas de juros exorbitantes — que podem ultrapassar os 30% ao mês —, há relatos frequentes de ameaças, intimidações e até violência física contra devedores inadimplentes. Como não há contratos formais ou qualquer tipo de garantia legal, o endividado fica completamente à mercê do agiota.
Em muitos casos, o valor inicial da dívida se multiplica em poucas semanas, tornando-se impagável e prendendo a pessoa em um ciclo de dependência e medo. Famílias inteiras acabam sendo envolvidas, e situações de humilhação e constrangimento público são comuns.
Alternativas seguras existem
Especialistas em finanças alertam que, diante de dificuldades financeiras, a melhor saída é procurar ajuda em instituições financeiras regulamentadas ou órgãos de apoio ao endividado, como o Procon e serviços de renegociação de dívidas oferecidos por bancos e cooperativas de crédito. Há também programas de microcrédito com juros reduzidos, que podem ser uma alternativa mais segura e legal.