O cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu anunciou oficialmente que não participará do Conclave que elegerá o novo Papa, marcado para começar na quarta-feira, 7 de maio. Em declaração pública, Becciu afirmou que tomou a decisão “em nome do bem da Igreja” e declarou seguir “obedecendo à vontade do Papa Francisco”, mesmo reafirmando sua inocência. A ausência de Becciu no processo eleitoral é mais um desdobramento de um dos escândalos financeiros mais impactantes da história recente do Vaticano.
Em setembro de 2020, o Papa Francisco o destituiu do cargo no Dicastério das Causas dos Santos e retirou seus direitos como cardeal, após suspeitas de envolvimento em esquemas financeiros irregulares. A investigação apontou que Becciu teria desviado e gerido mal recursos da Secretaria de Estado, com destaque para investimentos obscuros e uso de fundos da Igreja em projetos vinculados à sua família. Em dezembro de 2023, ele foi condenado a cinco anos e meio de prisão pelo tribunal do Vaticano, tornando-se o mais alto membro da hierarquia eclesiástica a ser julgado e sentenciado pela própria Justiça da Santa Sé.
Apesar da condenação, Becciu mantém sua defesa, alegando que todas as ações foram realizadas dentro dos limites legais e com conhecimento das autoridades vaticanas. Ele afirma que os recursos direcionados a entidades ligadas à sua família tinham fins humanitários e não envolveram qualquer benefício pessoal. Fora do Conclave, sua ausência representa não apenas o cumprimento de uma orientação direta do Papa, mas também o reflexo de um momento histórico em que o Vaticano busca demonstrar maior rigor e transparência diante de sua própria governança.