Um fato inédito na ciência marinha foi registrado na praia de Ilhabela, no litoral de São Paulo: a descoberta de um raro tubarão galhudo siamês em seu ambiente natural. Este é o primeiro registro documentado de um tubarão com essa condição genética observado vivo no habitat, conferindo enorme relevância científica à ocorrência.
A análise detalhada do espécime revelou uma anatomia incomum, caracterizada por órgãos duplicados e estruturas corporais independentes, sinais clássicos de gêmeos siameses. Este achado raro oferece aos pesquisadores uma oportunidade única de aprofundar os estudos sobre anomalias genéticas em espécies marinhas.
Especialistas do Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente (Ibimm) lideraram a investigação. Mais do que documentar o caso, a pesquisa busca expandir o conhecimento sobre as possíveis causas das mutações em animais que habitam os oceanos.
Entre os fatores considerados para o surgimento dessa anomalia está a poluição marinha, especialmente a contaminação por metais pesados. Como predadores do topo da cadeia alimentar, os tubarões acumulam substâncias tóxicas ao longo da vida — um processo conhecido como bioacumulação — que pode comprometer seu desenvolvimento embrionário e aumentar a incidência de anomalias genéticas.
Além da poluição, os cientistas investigam outras possíveis origens para a formação do tubarão siamês. Alterações genéticas espontâneas e condições uterinas adversas durante o período gestacional também são consideradas hipóteses plausíveis.
A descoberta em Ilhabela não apenas reforça a necessidade de monitoramento da saúde dos ecossistemas marinhos, como também amplia as possibilidades de estudo sobre a interação entre fatores ambientais e genéticos no desenvolvimento das espécies oceânicas.