Dez mulheres são vítimas de feminicídio em quatro dias no Rio Grande do Sul

Entre a madrugada de sexta-feira (18) e a tarde de segunda-feira (22), dez mulheres foram assassinadas no Rio Grande do Sul, em sua maioria por companheiros ou ex-companheiros. As vítimas, com idades entre 14 e 54 anos, viviam em cidades diferentes e não tinham relação entre si, mas todas tiveram suas vidas interrompidas de forma violenta, refletindo o padrão de feminicídios motivados por ciúmes, controle e dificuldade de aceitação do fim de relacionamentos.

Os crimes ocorreram em municípios de todas as regiões do Estado, como Parobé, Bento Gonçalves, Viamão, Pelotas, São Gabriel e Santa Cruz do Sul. Em alguns casos, os assassinatos ocorreram dentro da casa das vítimas; em outros, em plena via pública. Em Serafina Corrêa, uma mulher foi morta a tiros na frente dos filhos pequenos, em um caso que, segundo a polícia, pode estar ligado à disputa entre facções criminosas — o único dos registros sem conexão direta com violência doméstica.

A brutalidade dos ataques chama a atenção. Uma das vítimas, grávida de um filho do agressor, foi esfaqueada na rua enquanto esperava um carro por aplicativo. Outra, degolada dentro da casa do ex-companheiro. Em Ronda Alta, um homem matou a companheira e a enteada de 14 anos antes de se suicidar. Há também diferença de idade significativa entre vítimas e autores, além de um padrão de agressões cometidas logo após o término do relacionamento.

Alguns dos autores foram presos em flagrante, outros se entregaram posteriormente ou tentaram tirar a própria vida após os crimes. A polícia investiga os casos, mas os relatos reforçam a urgência de políticas públicas de prevenção à violência contra a mulher, assistência a vítimas e maior fiscalização de medidas protetivas. Muitos desses crimes ocorreram mesmo após as vítimas tentarem romper com relações abusivas.

As dez mortes reacenderam o alerta sobre o feminicídio no Estado, provocando manifestações de autoridades e entidades ligadas aos direitos das mulheres. A sequência de assassinatos em tão curto espaço de tempo evidencia o quanto ainda há a avançar na proteção às vítimas e no combate à cultura de violência de gênero.

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