Pacientes que receberam órgãos de doadores com HIV no Rio de Janeiro precisarão de dois tipos de tratamento: um para prevenir a rejeição do órgão e outro para gerenciar o vírus. Em entrevista ao portal VivaBem do UOL, especialistas detalharam como é feito o controle simultâneo dessas duas condições.
Tratamentos
Infectologistas afirmam que, após o diagnóstico de HIV, é possível tratar e manter o vírus sob controle. O maior desafio de saúde seria a falta de detecção precoce. No entanto, uma vez identificado, o HIV pode ser controlado com o uso adequado de medicamentos. A principal preocupação é a interação entre os medicamentos para tratar a infecção e os imunossupressores usados no período pós-transplante, ambos necessários por toda a vida. No entanto, atualmente há uma ampla variedade de opções de medicamentos com diferentes perfis, o que facilita o manejo dessas interações.
Álvaro Costa, infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e diretor da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), explicou com exclusividade ao VivaBem do UOL que a dose de imunossupressores é gradualmente reduzida ao longo dos anos. Além disso, em menos de seis meses de tratamento para o HIV, o paciente pode alcançar uma carga viral indetectável, o que elimina o risco de transmissão do vírus.
“O paciente vai precisar tomar alguns cuidados a mais, como tomar as vacinas específicas que são recomendadas e fazer acompanhamento médico semestral para possíveis doenças oportunistas que podem aparecer“.
Relembre o caso
Pacientes transplantados contraíram o vírus HIV em casos revelados pela rádio BandNews FM e confirmados pelo UOL junto à Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ). Inicialmente, os exames realizados nos doadores indicaram resultados negativos para HIV, todos feitos pelo laboratório PCS Lab Saleme, de Nova Iguaçu (RJ), contratado emergencialmente pela SES-RJ em dezembro do ano anterior. No entanto, novos testes realizados pelo Hemorio confirmaram que as amostras estavam, de fato, contaminadas com HIV.
Os casos vieram à tona após um dos pacientes, que havia recebido um transplante de coração nove meses antes, apresentar sintomas neurológicos e ser diagnosticado com HIV, segundo informações da BandNews FM. Até o momento, seis casos de pacientes transplantados infectados pelo vírus foram identificados, de acordo com a SES-RJ.
Uma sindicância foi aberta para apurar o ocorrido e responsabilizar os envolvidos. Em nota ao portal UOL, a SES-RJ declarou que uma comissão multidisciplinar foi criada para prestar assistência aos pacientes afetados, e medidas imediatas foram tomadas para garantir a segurança dos transplantados. A SES-RJ também informou que os serviços do PCS Lab Saleme foram suspensos assim que a secretaria tomou conhecimento do incidente.