Coluna | Ter a coragem para se afastar de pessoas traz maior êxito ao seu propósito

Essa busca por evolução pessoal, por nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos, é uma jornada íntima, mas profundamente influenciada pelas pessoas ao nosso redor. Embora os relacionamentos sejam fundamentais para o nosso bem-estar, chega um momento em que precisamos avaliar: as pessoas com quem convivemos estão alinhadas com o nosso propósito ou estão nos desviando dele? Desconectar-se de quem não ressoa com nossa busca pode ser uma decisão difícil, mas muitas vezes é um passo crucial para o crescimento.
Somos seres sociais, e a ciência confirma que nossas conexões nos moldam de maneiras poderosas. Um conceito conhecido como “contágio social” demonstra como emoções, comportamentos e até mesmo estados de saúde podem se espalhar através das redes sociais. Pesquisas como as revisadas por Umberson & Karas Montez (2010) sobre relações sociais e saúde, destacam consistentemente que a qualidade dos nossos laços afeta diretamente nossa saúde física e mental. Se estamos cercados por pessoas que constantemente emanam negatividade, pessimismo, ou que desvalorizam nossos sonhos e aspirações, essa energia inevitavelmente nos afeta. É como tentar nadar contra uma correnteza forte; gasta-se muita energia apenas para não ser levado para trás.
Manter relacionamentos com pessoas desalinhadas do nosso propósito pode criar um estado de dissonância cognitiva. Nossos valores e objetivos apontam para uma direção, mas as interações diárias nos puxam para outra. Isso gera um conflito interno que consome energia mental e emocional, recursos preciosos que poderiam ser investidos em nosso desenvolvimento. Estudos sobre bem-estar psicológico frequentemente associam um forte senso de propósito e autonomia com maior satisfação na vida (Ryff & Keyes, 1995, com pesquisas subsequentes confirmando e expandindo esses achados em contextos mais recentes). Quando nosso ambiente social entra em conflito com esse senso de propósito, o bem-estar é comprometido.
Por que é tão importante se afastar?
Preservação de Energia: Relacionamentos tóxicos ou desalinhados são drenantes. Eles exigem que justifiquemos nossas escolhas, defendamos nossos sonhos ou simplesmente gastemos energia gerenciando conflitos e negatividade. Ao nos desconectarmos, liberamos essa energia para focar no que realmente importa: nossas metas, nosso aprendizado e nosso autocuidado.
Clareza de Propósito: Estar perto de pessoas que não compartilham ou respeitam nossa visão pode turvar nosso próprio entendimento do que queremos. Críticas constantes ou falta de apoio podem gerar dúvidas e inseguranças. Afastar-se permite um espaço mental mais claro para ouvir nossa própria voz interior e reafirmar nosso caminho.
Criação de Espaço para o Novo: Ao liberar relacionamentos que não servem mais ao nosso crescimento, abrimos espaço para novas conexões mais alinhadas. O universo social tende a buscar equilíbrio; ao definir limites saudáveis, atraímos pessoas que vibram em sintonia com nossos objetivos e valores atuais. A pesquisa sobre apoio social percebido mostra consistentemente que ter pessoas que nos apoiam genuinamente é um fator protetor contra o estresse e promotor da resiliência (Cohen & Wills, 1985, conceito vastamente estudado e confirmado em pesquisas posteriores a 2010).
Reforço da Autoestima: Manter por perto quem nos diminui ou não acredita em nós corrói a autoestima. Escolher se afastar é um ato de auto-respeito e autovalorização. É dizer a si mesmo: “Eu mereço relacionamentos que me apoiem e me elevem”.
Desconectar-se não significa necessariamente cortar laços de forma abrupta ou hostil. Pode envolver:
Estabelecer Limites Claros: Reduzir a frequência do contato, limitar os tópicos de conversa a assuntos neutros, ou ser claro sobre o que você não está disposto a tolerar.
Distanciamento Gradual: Diminuir o investimento emocional e o tempo dedicado à relação.
Conversa Honesta (quando apropriado): Em alguns casos, uma conversa franca e respeitosa pode ser necessária para explicar sua necessidade de espaço ou mudança na dinâmica da relação.
Focar em Conexões Positivas: Investir tempo e energia em relacionamentos que te nutrem, apoiam e inspiram.
É fundamental entender que essa desconexão não é um ato de egoísmo, mas de autopreservação e compromisso com a própria jornada evolutiva. Como apontam diversas linhas de pesquisa em psicologia positiva e da saúde, nosso ambiente social é um dos pilares do nosso bem-estar e capacidade de prosperar (Seligman, 2011). Escolher conscientemente quem faz parte do nosso círculo íntimo é uma das decisões mais impactantes que podemos tomar em busca de viver uma vida com propósito e significado. Ao ter a coragem de se afastar do que não serve mais, você cria o terreno fértil para o seu florescimento pessoal.

Texto: Luam Ferrari

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