Uma denúncia anônima feita ao número 181 da prefeitura do Rio de Janeiro foi fundamental para impedir um possível atentado a bomba durante o show da cantora Lady Gaga em Copacabana, que reuniu 2,1 milhões de pessoas. A ligação, feita no dia 28 de abril, relatava que um grupo virtual chamado Levast, ativo no Discord, planejava lançar explosivos contra o público, com foco em crianças e pessoas LGBT. O alerta mobilizou 14 órgãos de segurança pública em todo o país e levou à deflagração da “Operação Fake Monster”, coordenada pela Polícia Federal, Abin e Polícia Civil.
A denúncia detalhou que o grupo pretendia usar coquetéis molotov e mochilas com explosivos, além de envolver menores de idade no plano. Apelidos dos envolvidos e o nome da organização foram fundamentais para confirmar a seriedade da ameaça. Após análise do Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, incluindo os municípios gaúchos de Novo Hamburgo e São Sebastião do Caí.
Em Novo Hamburgo, um homem foi preso inicialmente por posse irregular de arma, solto mediante fiança, mas detido preventivamente nesta segunda-feira (5). Ele é apontado como um dos instigadores do atentado planejado. Já em São Sebastião do Caí, mandados foram cumpridos nos bairros Quilombo e Navegantes, resultando na apreensão de celulares e computadores de dois jovens. Apesar do temor de explosivos, nenhum artefato foi encontrado no RS.
De acordo com a Polícia Civil, o grupo Levast atua por meio de discursos de ódio e desafios coletivos envolvendo apologia ao nazismo, estupro, racismo, violência contra animais e moradores de rua, além de bullying com base em orientação sexual. Jovens são aliciados com promessas de fama e, em alguns casos, recompensas em dinheiro. A delegada Cristiane Pasche, responsável pelas ações no RS, destacou o trabalho articulado entre os Estados para neutralizar a ameaça.
Casos similares já haviam ocorrido anteriormente. Em 2021, um adolescente de Lindolfo Collor, no Vale do Sinos, foi identificado após matar um cão em transmissão ao vivo na deep web, também sob influência de um grupo extremista. As investigações seguem em andamento e os envolvidos responderão por crimes como terrorismo, incitação ao crime e posse ilegal de arma.