Cristina Buarque, guardiã do samba de raiz, morre aos 74 anos

Morreu neste domingo (20), aos 74 anos, a cantora Cristina Buarque, vítima de complicações decorrentes de um câncer. Irmã de Chico Buarque, Cristina manteve-se afastada dos holofotes ao longo da carreira, mas deixou uma marca indelével no samba ao dar voz e protagonismo a obras de compositores como Cartola, Noel Rosa, Ivone Lara e Manacéa. Discreta e devotada ao ofício, ela se tornou referência para artistas como Marisa Monte e Mônica Salmaso, que encontraram em sua discografia um farol de autenticidade e respeito à tradição.

Desde sua estreia ao lado de Paulo Vanzolini, em 1967, e da parceria com o irmão Chico em “Sem Fantasia”, Cristina preferiu o coro ao estrelato, trilhando um caminho singular de valorização da velha guarda do samba. Seu primeiro disco solo, lançado em 1974, e obras como Prato e faca (1976) e Resgate (1994) se destacaram pela curadoria cuidadosa de joias esquecidas do repertório brasileiro — muitas delas resgatadas com sensibilidade e elegância em interpretações que se tornaram definitivas.

Mesmo assumindo o sobrenome Buarque apenas a partir de 1995, Cristina sempre foi reconhecida no meio musical por seu talento e pela fidelidade ao samba de raiz. Sua voz, pequena em potência, mas imensa em entrega e reverência, continuará ecoando como símbolo de uma artista que, longe dos holofotes, iluminou as entranhas mais nobres da música popular brasileira.

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