Em média, cada consumidor pretende adquirir três unidades.
Mas como os ovos pintados e decorativos, tradicionais no passado, deram lugar aos famosos ovos de chocolate que hoje ocupam as prateleiras dos supermercados e encantam as crianças?
De acordo com Ana Beatriz Dias Pinto, doutora em Teologia e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), essa mudança tem ligação direta com a adaptação do mercado às novas formas de consumo.
“O ovo é um símbolo ancestral de fertilidade e vida, presente tanto em rituais pagãos quanto em tradições cristãs orientais, antes mesmo do cristianismo”, explica Ana Beatriz. “A chegada dos ovos de chocolate foi impulsionada pela industrialização e pela comercialização da Páscoa, um processo que ganhou força no século XIX e segue até hoje, há cerca de 175 anos.”
Conforme a professora, os primeiros ovos de chocolate foram produzidos por volta de 1850, na França e na Alemanha. A ideia era transformar o presente pascal em algo mais saboroso e visualmente atrativo. “Antes, usavam ovos verdadeiros de galinha, pato ou até avestruz, que eram frágeis e decorados com tintas e adereços, geralmente em tamanhos menores.”
Com a evolução das indústrias, os ovos de chocolate aumentaram de tamanho. “Já vi ovos do tamanho de uma pessoa em alguns países”, comenta a pesquisadora.
Mesmo com o apelo comercial que envolve os ovos de chocolate, Ana Beatriz reforça que o verdadeiro simbolismo da Páscoa vai além das embalagens coloridas, brinquedos e campanhas publicitárias. “Assim como o coelho, as flores e o círio pascal, o ovo carrega uma mensagem sobre a vida e o renascimento”, afirma.
Esse apelo de consumo se reflete também nos números da indústria. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) estima que em 2025 serão produzidos aproximadamente 45 milhões de ovos de chocolate, mesmo com o aumento dos preços causado pela crise na produção de cacau.