Robô líquido criado por cientistas sul-coreanos pode transformar medicina e robótica

Pesquisadores da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, desenvolveram um robô líquido de apenas 6 milímetros — pouco maior que um grão de sal grosso — com habilidades surpreendentes. O dispositivo consegue se dividir, atravessar diferentes superfícies e se recompor sem perder sua unidade nem sua programação. Feito de partículas super-hidrofóbicas que protegem seus circuitos internos, o robô consegue se deformar e passar por estruturas minúsculas, como grades microscópicas, mantendo suas funções intactas.

Inspirado no comportamento das células vivas, o robô supera limitações enfrentadas por robôs sólidos, cuja rigidez sempre foi um entrave ao avanço da robótica flexível. O estudo, publicado na revista Science Advances, mostra que a equipe conseguiu combinar a maleabilidade dos fluidos com a estabilidade dos sólidos, criando um sistema que resiste a impactos, retorna à forma original e executa tarefas complexas. Em testes, o robô foi capaz de capturar objetos, se fundir com outras unidades e se mover em ambientes adversos, como água ou terrenos irregulares, tudo controlado por ultrassom.

Segundo os pesquisadores, a inovação abre caminho para diversas aplicações. Na área da saúde, por exemplo, o robô poderia ser usado para administrar medicamentos com extrema precisão ou realizar cirurgias minimamente invasivas. Já em cenários de desastres, enxames desses dispositivos poderiam explorar escombros ou realizar limpezas químicas em locais de difícil acesso. “Criamos uma espécie de cubo de gelo de partículas que, ao serem derretidas, mantêm sua coesão sem a rigidez original”, explicou o engenheiro mecânico Hyobin Jeon, líder do projeto.

O próximo passo da equipe é ampliar as funcionalidades do robô, incluindo a possibilidade de controlar sua rigidez por meio de ondas sonoras ou campos elétricos. A expectativa é adaptar a tecnologia também para aplicações industriais, como inspeção de equipamentos complexos. O coautor da pesquisa, professor Ho-Young Kim, destacou que o objetivo é tornar o controle da forma e da funcionalidade do robô cada vez mais preciso e versátil.

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