Galinhas estressadas, calor e doença de Newcastle: Saiba os porquês da alta do preço dos ovos no RS

Em entrevista ao Porto Alegre 24h nesta terça-feira (18), o presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, explicou que o aumento no preço dos ovos é resultado de diversos fatores que impactam a produção no Rio Grande do Sul. Um dos principais desafios atualmente é a onda de calor, que estressa as aves, dificultando sua alimentação e, em alguns casos, levando à morte das galinhas. “No entanto, nós temos que falar em fatores e buscar o histórico que culmina neste momento”, explica.

O estado ainda enfrenta consequências das enchentes de maio de 2024, que afetaram áreas como o Vale do Taquari, responsável por 18% da produção de ovos no estado. A destruição de aviários e a perda de aves, além de problemas logísticos, resultaram em um impacto significativo na produção. Com estes efeitos econômicos e efeitos na infraestrutura, muitos produtores são obrigados a diminuir a produção, informa dos Santos.

O cenário também foi agravado pelo surto de Newcastle, que atingiu a cidade de Anta Gorda, em junho de 2024, resultando no isolamento da área e na suspensão das exportações de galináceos da região. Para piorar, em janeiro de 2025, o setor enfrentou as consequências da gripe aviária nos EUA, que provocou a morte de milhões de galinhas, elevando os preços do produto naquele país em mais de 15%. 

José Eduardo dos Santos explica que, embora fatores internacionais, como a crise nos EUA, impactem o mercado, o problema no Rio Grande do Sul é multifatorial. “Mas é importante que as pessoas saibam que não é o único motivo. Obviamente, assim como uma guerra na Ucrânia e Rússia afeta o Euro, a crise nos EUA gera efeitos para nós, mas no Rio Grande do Sul é um conjunto de fatores”, explica o especialista. “O estado possui capacidade para abastecer tanto o mercado interno quanto o externo, desde que a produção seja restabelecida de forma plena”, afirma. O especialista estima que o setor de avicultor no estado tenha acumulado um prejuízo de cerca de R$ 240 milhões devido a essas crises.

Apesar dos desafios, o presidente da Asgav salienta que o aumento nos preços é temporário e que a situação tende a melhorar conforme a produção se normaliza. “É importante que o consumidor saiba: não vai faltar ovos. Não vamos ter uma crise de abastecimento, esse é um compromisso”, conclui.

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