Dólar bate recorde histórico e ultrapassa R$ 6,20

Nesta terça-feira (17), a cotação do dólar atingiu um novo recorde no Brasil, superando a marca de R$ 6,20, impulsionada por preocupações persistentes dos investidores sobre o compromisso fiscal do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por volta das 12h19, o dólar comercial foi cotado a R$ 6,208, segundo dados da Folha de S. Paulo. Na segunda-feira, a moeda norte-americana já havia encerrado o pregão em alta, sendo negociada a R$ 6,05, após ter atingido R$ 6,09 durante o dia.

O cenário de alta expressiva do dólar tem relação direta com as recentes medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo. O pacote, que inclui a revisão de tetos salariais e das aposentadorias militares, além da redução de impostos para a classe média, foi recebido com ceticismo pelo mercado financeiro. Analistas questionam a capacidade do plano em garantir o cumprimento do arcabouço fiscal, que limita o crescimento dos gastos públicos até o fim do mandato de Lula, em 2026.

Em entrevista concedida no último domingo à Rede Globo, o presidente respondeu às críticas de forma contundente: “Ninguém nesse país tem mais responsabilidade fiscal do que eu”. Lula também destacou que o Brasil vive um período de “inflação totalmente controlada” e apontou a taxa de juros elevada como um entrave ao crescimento: “A única coisa errada nesse país é uma taxa de juros acima de 12%”.

Apesar da declaração otimista, os indicadores econômicos sugerem um cenário desafiador. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou, na semana passada, a taxa básica de juros, a Selic, para 12,25% ao ano, uma das mais altas do mundo. O objetivo é conter os riscos de aceleração inflacionária.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação acumulada em 12 meses chegou a 4,87% em novembro, acima da meta oficial de 4,50%. Embora o índice mensal tenha desacelerado para 0,39% em novembro, ante 0,56% em outubro, os números ainda surpreenderam analistas do mercado financeiro. Diante desse contexto, o Copom já sinalizou que pode realizar novos aumentos na Selic nas próximas reuniões, previstas para o início de 2025, caso os preços continuem pressionados.

Com o dólar em alta histórica, o impacto é sentido em diferentes setores da economia brasileira. Insumos importados ficam mais caros, o que pode pressionar os preços de produtos finais. Por outro lado, exportadores podem se beneficiar da moeda valorizada. O cenário segue incerto, e o comportamento da cotação nos próximos meses dependerá de como o governo lidará com a questão fiscal e com as expectativas do mercado.

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