Chuvas torrenciais na Espanha elevam preocupação com o preço do azeite no Brasil

As chuvas intensas que atingiram a região da Andaluzia, ao sul da Espanha, entre os dias 29 de outubro e 3 de novembro, impactaram significativamente a principal área produtora de azeitonas do país. Esse evento meteorológico extremo pode gerar consequências no mercado global do azeite de oliva, com reflexos nos preços no Brasil, um grande importador do produto.

A Espanha é responsável por cerca de 45% da produção mundial de azeite, e a Andaluzia, sozinha, responde por 80% da colheita espanhola. A produção de azeite já vinha enfrentando quedas acentuadas, com uma redução de 26,88% em setembro em relação aos anos anteriores, segundo o Ministério da Agricultura da Espanha. A estimativa da Cooperativas Agroalimentares da Espanha indicava uma safra de aproximadamente 1,7 milhão de toneladas, bem abaixo da média das últimas colheitas.

As tempestades, descritas pelo governo regional como um “desastre natural”, deixaram estragos em 69 municipalidades nas províncias de Almería, Cádiz, Granada, Jaén, Málaga e Sevilha. As chuvas, que trouxeram granizo do tamanho de bolas de tênis, causaram danos em estradas rurais, estruturas de irrigação e galpões, essenciais para o escoamento da safra de olivas, que teve início no dia 1º de outubro. Pedro Barato, presidente da Associação Agrária de Jovens Agricultores, destacou a urgência de investimentos em infraestrutura hidráulica para mitigar futuros danos.

Risco de Pragas Aumenta e Impacto nos Preços Brasileiros é Esperado

Além dos danos físicos, a alta umidade intensificou a proliferação da mosca da azeitona (Bactrocera oleae), uma das principais pragas da cultura, agravando ainda mais a situação para os produtores.

No Brasil, o aumento de preços é uma possibilidade real, uma vez que o país depende das importações de azeite da Europa. Rogério Oliveira Jorge, da Embrapa Clima Temperado, explicou que, embora seja cedo para determinar o impacto preciso, qualquer oscilação na produção espanhola pode afetar o mercado brasileiro devido à forte dependência do produto europeu.

A recuperação completa das plantações e infraestrutura é essencial para evitar novos aumentos nos preços globais do azeite, que já sofreram alta nos últimos anos devido às condições climáticas adversas na Europa e no Oriente Médio.

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