Quando alguém nos fere emocionalmente, o impacto vai muito além do que se pode ver. A mágoa, mesmo que silenciosa, deixa marcas profundas no cérebro, que precisa de tempo para processar, entender e, eventualmente, liberar o perdão. Ao contrário do que muitos imaginam, perdoar não é um ato imediato — é um processo complexo que exige amadurecimento emocional e psicológico.
Pesquisas em neurociência e psicologia mostram que o perdão envolve múltiplas áreas do cérebro, especialmente aquelas ligadas à memória, emoções e julgamento moral. Quando alguém nos machuca, o cérebro ativa mecanismos semelhantes aos que responde à dor física, como o córtex cingulado anterior e a ínsula. Ou seja, o sofrimento emocional é real e mensurável.
“Perdoar é mais do que esquecer ou fingir que nada aconteceu. É reconhecer a dor, sentir emoções como raiva e tristeza, e, com o tempo, transformar esse sentimento negativo em algo mais leve e construtivo”, explica a psicóloga clínica Mariana Souza, especialista em traumas emocionais.
Segundo especialistas, o tempo médio para que uma pessoa consiga perdoar completamente alguém gira em torno de seis meses, mas esse período pode variar bastante. Fatores como o grau da ofensa, a proximidade com quem causou a mágoa, e o histórico emocional da vítima influenciam diretamente no ritmo de cura.
O perdão também implica em reconstruir a confiança — e isso exige coragem. “Muitas vezes, perdoar é mais sobre nós do que sobre o outro. É um presente que damos à nossa própria saúde mental”, complementa Mariana. Estudos mostram que o ato de perdoar está associado à redução do estresse, à melhoria do sono e até à diminuição da pressão arterial.
Apesar de seus benefícios, perdoar não significa se submeter novamente ao que causou dor. É possível perdoar e, ao mesmo tempo, manter distância de pessoas ou situações prejudiciais.