Ex-padre é preso em Santa Cruz do Sul após condenação por abuso de adolescentes

O ex-padre Carlos André Mueller, de 59 anos, foi preso no final de abril em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, após a confirmação de sua condenação por estupro de vulnerável. A prisão foi divulgada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (8). Mueller se apresentou voluntariamente na delegacia do município no último dia 23.

Segundo as investigações, os crimes ocorreram entre os anos de 2011 e 2021, tendo como vítimas quatro adolescentes. As denúncias foram feitas por familiares das vítimas e levaram à abertura de um inquérito conduzido pela Delegacia de Polícia de Vera Cruz. A sentença, de 21 anos, um mês e cinco dias de reclusão, foi mantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em janeiro de 2024.

O processo corre sob segredo de justiça, e a defesa do ex-religioso, representada pelo advogado Ademar da Costa, optou por não se manifestar.

A promotora Maria Fernanda Cassol Moreira, que acompanhou o caso, afirmou que as provas reunidas durante o processo foram “contundentes” e os relatos das vítimas “inequívocos”.

“Essa condenação é um recado claro à sociedade: abusadores não têm aparência, religião ou posição social”, declarou.

Papa Francisco autorizou a exclusão do clero
Na época dos abusos, Mueller exercia suas funções sacerdotais na Paróquia Santa Inês, em Mato Leitão. Após o início das investigações, ele foi afastado pela Diocese de Santa Cruz do Sul em maio de 2021, por recomendação da comissão permanente de combate à pedofilia, criada a partir de diretrizes do papa Francisco.

De acordo com o vigário-geral Leandro Lopes, o afastamento visava proteger novas possíveis vítimas e garantir a lisura das apurações.

Além do processo criminal, a Igreja também conduziu uma investigação canônica interna, que concluiu pela veracidade das denúncias. O resultado foi encaminhado à Santa Sé, que determinou a demissão de Mueller do estado clerical, com aprovação direta do papa Francisco. Com isso, o agora ex-padre foi oficialmente excluído das funções religiosas.

“É uma resposta à orientação do papa, que exige transparência e acolhimento às vítimas. O silêncio e o acobertamento não têm mais espaço na Igreja”, declarou Lopes.

Com informações GZH

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