A Polícia Civil deflagrou na manhã desta quinta-feira (7), em Porto Alegre, a Operação Malis Doctor, que investiga um amplo esquema de fraudes judiciais envolvendo um grupo de 14 pessoas — entre elas, nove advogados — acusadas de enganar clientes e realizar empréstimos em nome de pessoas já falecidas. O prejuízo estimado pode chegar a R$ 50 milhões.
De acordo com a investigação conduzida pela 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), o grupo seria responsável por práticas que a corporação define como “advocacia predatória”, consistindo no ajuizamento em massa de ações judiciais fraudulentas para obter vantagens financeiras indevidas. O principal alvo da operação é um advogado com um histórico de mais de 100 mil ações ajuizadas no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) — em um único dia, ele chegou a registrar 581 processos.
Entre os casos mais graves identificados, está o de uma pessoa que teria assinado um documento dois meses após sua morte. Em outro exemplo, duas procurações foram supostamente assinadas em 2023, mas o titular dos documentos está em estado vegetativo desde 2022.
As investigações apontam que o grupo, ligado à empresa Pro Consumer, utilizava procurações genéricas e falsificadas, muitas vezes sem o conhecimento ou consentimento dos autores das ações. A atuação se concentrava em processos de revisão de juros sobre empréstimos consignados, com foco em vítimas vulneráveis como idosos, aposentados, professores da rede estadual e policiais militares.
O objetivo, segundo o delegado Vinícius Nahan, responsável pela investigação, era se apropriar dos valores liberados por meio de alvarás judiciais. O esquema incluía também o aliciamento de clientes, que eram levados a acreditar que estavam participando de processos legítimos.
A operação cumpre mandados de busca e apreensão e visa reunir provas sobre a atuação criminosa do grupo. Os suspeitos poderão responder por crimes como estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
As investigações seguem em andamento, e a Polícia Civil não descarta o envolvimento de mais pessoas ou a ampliação do número de vítimas e ações fraudulentas.