A Associação dos Moradores do Bairro Chácara das Nascentes (AMBCN) protocolou um ofício na Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre, denunciando o avanço de um desmatamento ilegal para implantação de um novo loteamento na região da Lomba do Pinheiro. A intervenção ocorre entre os números 3150 e 3800 da Avenida João de Oliveira Remião, próximo à Parada 7-A, e afeta uma área de preservação permanente com remanescentes de Mata Atlântica, onde vivem diversas espécies da fauna silvestre.
Os moradores relatam que os primeiros sinais de degradação vieram a público a partir dos gritos dos bugios que habitam a região, ouvidos por vizinhos no início de março. Desde então, o som constante de motosserras tem denunciado a supressão da vegetação nativa, gerando preocupação com a destruição de habitat e impactos hídricos.
A área abriga uma riqueza ambiental significativa, incluindo nascentes e cursos d’água que alimentam o Arroio do Salso, importante para o equilíbrio hídrico da sub-bacia do Lago Guaíba. Enquanto os dados da prefeitura registram apenas uma nascente, um laudo técnico independente contratado pela AMBCN identificou cinco nascentes distintas, sugerindo que o levantamento oficial subdimensiona a importância ecológica da área.
Além disso, o local afetado está situado dentro da zona de amortecimento do Parque Natural Municipal Saint’Hilaire, que tem sido alvo de polêmicas recentes envolvendo sua revitalização. A interferência no entorno do parque representa ameaça direta à sua integridade ecológica, comprometendo a conectividade e o equilíbrio do ecossistema.
O ofício encaminhado ao Ministério Público pede suspensão imediata das obras, transparência no processo de licenciamento ambiental, realização de audiências públicas e estudos completos sobre fauna, flora e recursos hídricos. Também solicita a avaliação de alternativas locacionais para o empreendimento, evitando a destruição de um dos poucos redutos de biodiversidade ainda preservados na zona urbana de Porto Alegre.
A AMBCN reforça que a defesa do meio ambiente é uma causa coletiva, que não pode ser sacrificada por interesses pontuais. A entidade pede providências urgentes para frear o avanço da degradação e garantir justiça climática e ambiental às gerações atuais e futuras.
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