Cães-robôs vêm se tornando uma presença cada vez mais familiar nos espaços públicos da China, ocupando um lugar inusitado ao lado dos tradicionais animais de estimação. A imagem de uma mulher passeando tranquilamente com um desses robôs em Xangai chamou atenção nas redes sociais e viralizou, evocando cenas que até pouco tempo pareciam restritas à ficção científica.
Equipados com inteligência artificial avançada, esses robôs quadrúpedes são capazes de mapear o ambiente, andar com estabilidade em diferentes tipos de terreno e reagir a comandos com precisão. Um dos modelos mais populares é o Go2, da startup chinesa Unitree Robotics, que já ultrapassou a marca de três mil unidades vendidas apenas na loja oficial da empresa no Taobao, o maior site de comércio eletrônico do país.
O uso desses robôs, no entanto, vai muito além do entretenimento doméstico. Em Chongqing, por exemplo, cães-robôs participaram de uma maratona ao lado de 35 mil corredores, além de encenarem uma versão robótica da tradicional dança do leão. Já em Zhejiang, um robô subiu ao palco da Ópera Wu, interpretando um cão celestial da mitologia chinesa em uma performance que uniu tradição e tecnologia. A companhia de ópera responsável pela encenação já anunciou planos de desenvolver novas coreografias e figurinos, ampliando o papel dos autômatos em futuras apresentações.
Segundo dados da consultoria GGII, o mercado chinês de robôs quadrúpedes movimentou cerca de 468 milhões de yuans (cerca de 64,9 milhões de dólares) em 2023, e as projeções indicam um crescimento expressivo para 4,8 bilhões de yuans até 2030. Esse avanço é impulsionado pela demanda crescente tanto do setor doméstico quanto de aplicações industriais e culturais.
Ciente do potencial transformador dessa tecnologia, o governo chinês colocou a robótica inteligente entre suas prioridades estratégicas. O plano de desenvolvimento oficial prevê a ampliação do uso de inteligência artificial em áreas-chave, incluindo veículos conectados, computadores, dispositivos móveis e, naturalmente, robôs inteligentes. O mais recente relatório de trabalho do governo enfatiza o apoio a terminais e equipamentos avançados, reforçando o compromisso da China em liderar a próxima geração de inovação tecnológica.