Insulina basal pode facilitar o tratamento de diabetes

Sexto país em número de pacientes com diabetes, o Brasil possui cerca de 10% de sua população afetados pela doença, sendo um quarto dessas pessoas acima dos 60 anos de idade. Os dados provam a recorrência e fragilidade do País frente a esse problema. Por isso, a professora Maria Elizabeth Rossi da Silva, chefe da Unidade de Diabetes do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, ressalta a importância da pesquisa para novas soluções e tratamentos. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou recentemente a utilização da insulina basal para o tratamento do diabetes, o que poderá ser feito com a aplicação de uma dose por semana.

Doença crônica caracterizada pela presença excessiva de glicose no sangue, o diabetes é tratado a partir da aplicação de insulina, hormônio regulador da glicose, e sua dosagem e frequência são baseadas no tipo pelo qual se manifesta no organismo do paciente. Segundo a professora, diabetes do tipo 1, mais comum na infância, necessita de dois tipos de insulina, enquanto a do tipo 2, que aflige a grande maioria da população, pode ser medicada com tratamento oral, como Victoza, Saxenda ou Ozempic, posteriormente podendo se utilizar insulina.

Para Maria Elizabeth, a aprovação da insulina basal pode ser positiva pela maior adesão e simplificação do tratamento. “Irá facilitar muito a aplicação, o conforto do paciente, e possivelmente a adesão ao tratamento”, afirma. Entretanto, ela ressalta que esclarecimentos sobre ajustes e dosagem de doses ainda precisam ser esclarecidos, principalmente ao considerar-se o controle que pacientes precisam ter não apenas em relação à aplicação da insulina, mas à alimentação e práticas de exercício, por exemplo. “O tratamento do diabetes não é simples, depende muito do conhecimento do paciente, da aceitação e da vontade que ele tem de se manter bem controlado”, adverte a especialista.

Eficácia

Sobre a eficácia da insulina basal, ela afirma que os resultados são encorajadores. “Ela mostrou uma competência em manter o controle glicêmico semelhante à das insulinas diárias que temos aqui no Brasil”. Entretanto, a professora ressalta que a hipoglicemia ainda é uma preocupação: “O paciente tem que tomar insulina todos os dias, mas tem dias que ele esquece, tem dias que ele atrasa o horário. Com a insulina semanal, eu consigo valores mais estáveis, mas a grande preocupação com a insulina é o risco de hipoglicemia, porque a gente sabe que o papel da insulina é colocar a glicose dentro das células e baixar a taxa de glicemia e, eventualmente, em algumas condições, se o paciente se alimentou menos naquele dia ou se ele fez mais atividade física, isso pode favorecer uma hipoglicemia.”

Sobre a distribuição do medicamento, considerando sua recente aprovação, presume-se que isso será feito pelo SUS, Sistema Único de Saúde. Entretanto, os valores ainda permanecem incertos. “Normalmente, temos uma política de saúde em relação ao paciente com diabetes de tentar trazer para ele as melhores insulinas, melhores opções terapêuticas, mas, normalmente, isso entra com custo alto. Ele será absorvido aos poucos pelo sistema de saúde”, explica Maria Elizabeth.

Por Jornal da USP

Adicionar aos favoritos o Link permanente.