“O Exterminador do Futuro” previu o nosso medo da inteligência artificial

Quase 40 anos após seu lançamento, O Exterminador do Futuro continua sendo uma das principais referências culturais quando se fala sobre os perigos da inteligência artificial (IA). A icônica Skynet, um sistema de defesa que se torna senciente e decide exterminar a humanidade, se tornou sinônimo do temor de que máquinas possam se voltar contra seus criadores. Filmes mais recentes, como Ex Machina e Ela, exploraram a IA de forma mais realista, mas a visão apocalíptica de James Cameron ainda reina suprema no imaginário popular.

Para especialistas na área, essa percepção pode ser problemática. O roboticista Ronald Arkin usou o filme como exemplo do que não fazer em uma palestra sobre robótica, enquanto o pesquisador Michael Woolridge critica a “narrativa do Exterminador do Futuro” por desviar a atenção de riscos mais reais, como o uso da IA para desinformação e armas autônomas. Já o filósofo Nick Bostrom, autor do influente livro Superinteligência, admite que sua esposa frequentemente brinca com ele sobre seu suposto medo de um exército de robôs assassinos.

Curiosamente, o próprio O Exterminador do Futuro não se aprofundava tanto na IA. O filme de 1984 era, acima de tudo, um thriller de ficção científica com elementos de terror e viagem no tempo, explorando temas como destino e livre-arbítrio. A inteligência artificial surge apenas como pano de fundo para uma história de perseguição implacável, com o ciborgue T-800, interpretado por Arnold Schwarzenegger, assumindo o papel de um assassino imbatível no estilo de Michael Myers, da franquia Halloween.

Ainda assim, a Skynet ajudou a consolidar um arquétipo de IA malévola na cultura pop, rivalizando com o HAL 9000 de 2001: Uma Odisseia no Espaço. O impacto foi tão grande que o nome da inteligência artificial no filme pode ter sido inspirado no programa militar “Guerra nas Estrelas” do governo de Ronald Reagan. Além disso, a premissa de uma máquina que escapa do controle humano reflete preocupações reais que cientistas da computação vêm debatendo desde os anos 1950.

James Cameron, que atualmente planeja um novo filme da franquia, afirmou que a ameaça da IA hoje é muito mais concreta do que na época em que criou a Skynet. O cientista Geoffrey Hinton, pioneiro no estudo de redes neurais, afirmou recentemente que “estamos fritos” com o avanço da IA, enquanto empresas como OpenAI, Google e Microsoft trabalham em modelos cada vez mais sofisticados.

Apesar de muitos especialistas discordarem do alarmismo de O Exterminador do Futuro, o filme ainda carrega uma mensagem relevante: o futuro da inteligência artificial não está pré-determinado. Assim como na luta contra a Skynet, cabe aos humanos decidir como desenvolver e regular essa tecnologia para evitar que ela se torne uma ameaça real.

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