Conheça o perfil das vítimas de leptospirose no Rio Grande do Sul

Desde o início da crise climática no Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Saúde (SES/RS) confirmou 15 mortes por leptospirose. Todas as vítimas eram homens, com idades entre 31 e 68 anos, e a maioria tinha mais de 50 anos. Apesar das semelhanças nos casos, o infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, do Hospital Moinhos de Vento, ressalta que sexo e idade não são fatores de risco predominantes para a doença causada pela bactéria Leptospira.

Fatores de risco e transmissão

A leptospirose é transmitida pela exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, principalmente ratos. Durante enchentes, esgotos se misturam com a água, aumentando o risco de contaminação. As vítimas estavam em regiões afetadas pelas enchentes de maio, incluindo Travesseiro, Venâncio Aires, Porto Alegre, Cachoeirinha, Viamão, Canoas, São Leopoldo, Três Coroas, Alvorada, Encantado, Sapucaia do Sul, Novo Hamburgo e Igrejinha.

Segundo Gewehr Filho, homens foram mais expostos às águas contaminadas durante atividades de salvamento e limpeza, aumentando a probabilidade de infecção. Ele também explica que, embora a idade não seja um fator predominante, pessoas mais velhas podem ter sistemas imunológicos mais fracos ou outras condições de saúde que complicam a recuperação.

Sintomas e evolução da doença

Os sintomas da leptospirose incluem febre, icterícia, dor de cabeça, prostração, vômito, dor muscular, calafrios, inapetência e dor na panturrilha. Nas formas graves, a doença pode causar insuficiência renal e hemorragia pulmonar. O período de incubação varia de sete a 14 dias, mas pode demorar até um mês para os sintomas aparecerem. As vítimas no Rio Grande do Sul faleceram entre três e 17 dias após os primeiros sintomas.

Gewehr Filho enfatiza a importância da avaliação médica precoce para aumentar as chances de sobrevivência. “Para a doença evoluir para um caso grave pode ser bem rápido. E, quando vira um caso grave, pode demorar vários dias para a pessoa se recuperar ou alguns para falecer. Por isso, é importante ressaltar que pacientes que procuram avaliação médica precocemente, assim que os primeiros sintomas aparecem, têm chance maior de sobrevivência, porque eles evitam que a doença piore”, destaca o infectologista.

Prevenção e cuidados

A melhor forma de prevenir a leptospirose é evitar o contato com água, solo ou objetos contaminados. Usar equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas, luvas e máscaras, pode minimizar a exposição. Também é crucial cobrir ferimentos para evitar o contato com água ou solo contaminado.

Para socorristas e voluntários expostos às águas da enchente, a quimioprofilaxia pós-exposição é recomendada. Esse tratamento envolve tomar medicação imediatamente após o contato com água contaminada para prevenir o desenvolvimento da doença. A SES recomenda essa prática, mas é importante buscar orientação médica.

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