Eleições sem o X é como jogar xadrez com peças faltando no tabuleiro

Com a suspensão do X (antigo Twitter) determinada na última sexta-feira (30) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, as eleições de 2024 devem tomar um rumo bem diferente. Como dito antes aqui na coluna, atualmente as redes sociais desempenham um papel-chave na corrida eleitoral, mais até do que o tempo de rádio e TV na propaganda eleitoral obrigatória. Dessa forma, o que esperar quando uma das principais plataformas é tirada do jogo político?

Só vamos saber a resposta disso nos próximos dias. Vale notar que não é improvável que a decisão de Alexandre de Moraes seja reconsiderada e tudo volte ao “normal”. Contudo, caso isso não venha a acontecer, o mais provável é que vejamos um esforço maior na produção de peças visuais e vídeos para as plataformas restantes. Além disso, as campanhas podem se esforçar para criar canais de comunicação direta com eleitores em aplicativos como WhatsApp e Telegram. De qualquer forma, o que podemos imaginar é uma espécie de xadrez no qual os jogadores não podem usar um de seus cavalos, torres e bispos. Já outros terão apenas os peões.

Podemos dizer, com alguma segurança, que o grande precursor do uso do X na política mundial foi o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Gostando ou não dele, é inegável que ele descobriu uma forma eficiente de dialogar com seus eleitores e apoiadores. Mas sejamos justos: ele aprendeu a usar a mídia em benefício próprio muito antes, ainda na época que a TV tinha maior relevância. De qualquer forma, a partir das lições de Trump, diversas outras figuras públicas com aspirações políticas, tanto da direita quanto da esquerda, seguiram os passos do republicano. Candidatos com poucos recursos se projetaram de forma significativa e muitas vezes alcançaram cargos tanto no Executivo quanto no Legislativo.

É óbvio que o X não é a única rede social existente e relevante para o contexto político, seja ele em dias “comuns” quanto em épocas de eleição. Porém, a grande vantagem da plataforma suspensa por Alexandre de Moraes em comparação às outras é sua SIMPLICIDADE e baixo custo. Enquanto as demais precisam de um conteúdo mais “elaborado”, com fotos, vídeos e similares, no X são necessários apenas até 280 caracteres bem escritos. Esse formato é tão poderoso que, não raro, vemos até mesmo os “tuites” sendo printados e transportados para as outras redes sociais. Dessa forma, até mesmo quem não usa (ou usava) o X ativamente acabava consumindo seu conteúdo de forma passiva.

Por isso que, apesar de algumas campanhas contarem com mais recurso do que outras, a suspensão de uma plataforma tão importante como o X seria como subtrair peças de seu jogo de xadrez. Candidatos mais modestos estão em uma situação ainda mais complicada.

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