“Maioria dos entregadores do iFood estão satisfeitos com o atual modelo de trabalho”, diz novo CEO da empresa

Diego Barreto, o novo presidente do iFood, falou em entrevista à Revista Veja que a maioria dos entregadores da plataforma estão satisfeitos com o atual modelo de trabalho e que não querem carteira assinada. À frente do iFood desde maio deste ano, o CEO declarou que apesar da discussão sobre a regulamentação da situação trabalhista dos entregadores junto ao governo ser “dura e difícil”, que sempre houve diálogo e respeito mútuo, e que há consenso em torno de 90% da pauta. Porém, a questão da previdência, segundo ele, é mais complicada. “Concordamos que os entregadores, como todos os trabalhadores, têm direito à aposentadoria, mas discordamos da forma”. “Do jeito que foi proposto, o iFood deveria pagar uma alíquota sobre o valor de todas as entregas realizadas. Isso não faz nenhum sentido, principalmente porque apenas 5% da nossa base cadastrada ganha acima do valor mínimo que daria direito a receber a previdência”, declarou.

Questionado sobre esse percentual expressivamente baixo, de apenas 5%, Barreto respondeu que a maioria dos entregadores não usa a plataforma como principal fonte de renda e sim, como uma renda complementar. “Muitos pensam: ‘Poxa, neste mês faltou grana para pagar a conta de luz. Vou trabalhar no aplicativo por algumas semanas e pronto’. Às vezes nem voltam porque têm outros empregos. Quase 70% mantêm esse tipo de relação com a plataforma. Por isso, eles não querem contribuir para a previdência a partir do que ganham com a gente, mas sim de seus outros trabalhos”.

Ele declarou que não entende ser papel dele apresentar uma proposta específica para solucionar a questão e disse ainda que grande parte dos entregadores não quer a regulamentação. “Fazemos pesquisas frequentes que encomendamos a institutos renomados e a resposta para essa questão é sempre a mesma: ‘Não queremos carteira assinada’. Isso explica por que não vemos entregadores cobrando a aprovação do projeto pelo Congresso Nacional. Não existe essa comoção em torno do tema. Inclusive, quando acontece algum tipo de manifestação ou paralisação, a quantidade de entregadores presentes é muito baixa. Queremos garantir os direitos, mas é impossível registrar todo mundo em carteira”.

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