Cuidado com a pele infantil deve começar nos primeiros meses de vida, alertam especialistas

A pele das crianças, especialmente nos primeiros anos de vida, requer atenção especial. Condições como dermatite atópica e hemangiomas são mais comuns nessa fase e exigem cuidado contínuo e bem orientado. A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) ressalta a importância da escolha criteriosa de produtos de higiene e cosméticos, da observação de sinais clínicos e do acompanhamento médico desde os primeiros meses. O assunto foi debatido no XVII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria, realizado de 15 a 17 de maio no Centro de Convenções Barra Shopping, em Porto Alegre.

A dermatite atópica, considerada a principal doença inflamatória crônica da pele na infância, afeta cerca de 13% das crianças no mundo. A dermato-pediatra Luciana Boff de Abreu Bombardelli, da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção RS, chama a atenção para a inadequação de muitos produtos comercializados para bebês.

Sabonetes em barra têm pH elevado e podem agredir a pele delicada dos pequenos. Já os syndets (detergentes sintéticos) são mais indicados, pois possuem pH próximo ao da pele. No entanto, a maioria dos rótulos não informa essa característica, o que dificulta a escolha correta pelos pais”, explica.

Outra condição frequente são os hemangiomas infantistumores benignos formados por vasos sanguíneos — que podem surgir tanto na pele quanto em órgãos internos. A dermato-pediatra Ana Elisa Kiszewski Bau destaca que, apesar de geralmente regredirem até os cinco anos de idade, é essencial fazer o monitoramento clínico constante.

“Esses hemangiomas passam por fases distintas: crescimento, estabilização e regressão. Mesmo com bom prognóstico, o acompanhamento garante que não surjam complicações”, enfatiza.

No que diz respeito aos produtos cosméticos infantis, cresce a preocupação com o uso de termos enganosos como “natural” ou “livre de toxinas”. A médica Thalita Gabrieli Sanches Vasques, também dermato-pediatra da SBD-RS, alerta que a falta de regulamentação clara permite o uso indiscriminado dessas expressões, o que pode confundir os consumidores.

Fragrâncias, um dos principais agentes causadores de dermatite de contato, muitas vezes aparecem disfarçadas sob o nome ‘perfume’ nos rótulos, o que dificulta o diagnóstico em casos de reações adversas”, explica.

Possíveis riscos à saúde

A exposição inadequada a produtos dermatológicos pode provocar diversos problemas: desde reações irritativas e alérgicas, até traumatismos em regiões sensíveis como os olhos, além de riscos mais graves como toxicidade por salicilatos (salicilismo) e interferência hormonal por disruptores endócrinos. Há também impactos psicológicos associados ao uso precoce e excessivo de cosméticos, como ansiedade relacionada à imagem, a chamada FOMO (medo de ficar de fora), e transtornos como a cosmeticorexia e a dermorexia — caracterizados pela obsessão com a aparência e com a pele “perfeita”.

A SPRS reforça que o cuidado com a pele das crianças deve sempre ser orientado por profissionais da saúde e fundamentado em evidências científicas. A escolha dos produtos deve priorizar segurança, eficácia e adequação à faixa etária, evitando modismos ou promessas sem comprovação técnica.

*Com a informação SPRS

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